Programa de AEE atende crianças no Hospital
TEXTO POR Autora convidada
O AEE – Atendimento Educacional Especializado, da Escola Municipal Francisco Meirelles, tem uma trajetória desde 2011, com a implantação da Sala de Recursos Multifuncional, buscando romper barreiras, despertando novo olhar sobre os alunos indígenas com deficiência. Agora, o atendimento está sendo também no hospital, especialmente a dois alunos indígenas, que moram aí e estão matriculados no ensino regular desta Escola.
O auge da pandemia que o mundo todo experimentou, nos anos 2020 e 2021, além de deixar muitos lares enlutados, sequelas permanentes em sobreviventes, também permitiu enxergar novas oportunidades e abriu portas para novas estratégias. Esta foi uma das experiências vividas no Hospital Porta da Esperança.
A pedagoga, especialista em Educação Especial, que atua na área da Educação Escolar Indígena, François Monteiro de Souza é professora apoio da Educação Especial na Escola Francisco Meirelles. Ela conta que com a pandemia do COVID-19, os alunos passaram para o ensino remoto, os alunos da Educação Especial também, porém um aluno indígena com síndrome Down que residia no hospital, ficou prejudicado, pois mesmo com as atividades adequadas, enviadas pela escola, ele não estava conseguindo realizar. A equipe hospitalar não contava com suporte pedagógico para auxiliar o aluno nas atividades. A escola, então, levou está situação para secretaria de Educação, no ano de 2021, que prontamente disponibilizou a contratação de um professor para fazer este atendimento. Vendo que a professora François cumpria os requisitos para esta função, foi contratada para atender as crianças com deficiência, no Hospital. A equipe do hospital percebeu os avanços significativos com o atendimento pedagógico, não só dos alunos matriculados, mas o atendimento logo envolveu as outras crianças e adolescentes indígenas com deficiência que se encontravam no Hospital. “Eles tinham momentos de felicidade e alegria, pois era tudo diferente do que estavam acostumados. Uma mudança enriquecedora, pois promovia também a interação e integração entre todos”, comenta a professora.
Esta nova experiência trouxe muita alegria para toda a equipe do hospital, em meio à dor da partida. François conta: “Foi uma experiência muito dolorida, mas ao mesmo tempo gratificante. Tive a oportunidade de ser professora de um aluno indígena com deficiências múltiplas. Com ele aprendi o que é fazer a leitura de pequenas coisas de quem não fala uma palavra, mas o sorriso nos olhos e os movimentos, falava mais que mil palavras. O pouco tempo que ficamos juntos, antes da sua partida, sei que dei meu melhor para ele. Quando escutava minha voz abria um sorriso como se me aguardasse, me fez sentir uma pessoa tão querida. As histórias que lia para ele, contava com tanto carinho, para que ele se imaginasse ou sentisse cada pedacinho dessas histórias. Quando tocava objetos ou imagens, texturas diferentes, seus olhos expressavam a satisfação de se sentir único e exclusivo. Vou levar o seu sorriso pra sempre em meu coração”.