A História da Missão Evangélica Caiuá

Conheça a História da Missão Evangélica Caiuá:

1920

O rev. Maxwell inicia sua jornada nos EUA para cuidar dos povos indígenas no Brasil.

1920

1928

Em 28 de agosto de 1928 é fundada em São Paulo a Missão Evangélica Caiuá.

1928

1929

O rev. Maxwell e sua esposa Mabel chegam a Dourados – distrito de Ponta Porã, MS – onde se instala a sede da Missão Evangélica Caiuá. Em seguida, chegam o médico dr. Nelson de Araújo, o agrônomo João José da Silva, e o professor Esthon Marques.

1929

1935

Dourados é elevada à condição de Município.

1935

1943

Em 23/09/1943 o casal Rev. Orlando Andrade e Dna Loide iniciam o trabalho em substituição do Rev. Maxwell

1943

1957

Antropólogas do Summer Institute of Linguistics chegam à Missão para aprender a língua Kaiwá.

1957

1959

Dr. Taylor inicia a tradução da Bíblia para o Kaiwá e Guarani.

1959

1961

Os Reverendos Saulo, Ruben, Danilo Astério e Benedito Troquez e suas respectivas famílias iniciam trabalho de evangelização nas aldeias Taquapiry, Caarapó e Porto Lindo

1961

1963

Em 01 de Março é inaugurado o Hospital e Maternidade Porta da Esperança.

1963

1980

Construído o Centro Indígena de Tratamento à Tuberculose e fundado o Instituto Bíblico Felipe Landes.

1980

1985

O Rev. Beijamin e Dona Margarida substituem o Rev.  Orlando e Dona Loide na direção da Missão Caiuá.

1985

1986

Construído o atual prédio do Instituto Bíblico Felipe Landes.

1986

1986

O Evangelho segundo Marcos é o primeiro livro da Bíblia a ser traduzido para Kaiowá.

1986

2001

A Funasa convida a Missão Caiuá para cuidar da saúde indígena através de convênios para atuar no combate a desnutrição em outros estados Brasileiros.

2001

2009

A Missão Caiuá é convidada a participar do sistema de saúde indígena atuando junto a comunidades indígenas do Mato Grosso do Sul, Minas Gerais/Espirito Santo, Leste de Roraima e Yanomami.

2009

2010

Criada a Secretária Especial de Saúde Indígena (SESAI)

2010

2018

A Missão Caiuá em convênio com Ministério da Saúde inicia a gestão da saúde indígena nos seguintes distritos sanitários: Mato Grosso do Sul, Alto Rio Purus, Médio Rio Purus, Alto Solimões, Médio Rio Solimões e Afluentes, Vale do Javari e Yanomami.

2018

2021

Primeiro indígena da Aldeia Jaguapiru a ser aprovado no curso de Medicina da UFGD.

2021

2022

40 anos do trabalho da Missão Caiuá no Rio de Janeiro.

2022

2022

Início de trabalho de ensino infantil do Colégio Erasmo Braga para crianças atendidas pela Missão Caiuá em Dourados;

2022

2023

Celebração de 60 anos do Hospital e Maternidade Porta da Esperança.

2023

2023

Aniversário de 95 anos da Missão Evangélica Caiuá.

2023

Rev. Maxwell e família
O rev. Maxwell e sua família

Quase três séculos depois da instalação dos jesuítas no Mato Grosso, o missionário presbiteriano Rev. Albert Sidney Maxwell percorreu todo o Estado (na época com uma área superior a 1,2 milhão de quilômetros quadrados) e parte da Amazônia, com o propósito de escolher o local mais adequado à implantação de uma missão evangélica entre os índios.

Durante essas jornadas, visitou sozinho as então naturais e muitas vezes perigosas tribos Nhambiquara, Bororó, Parecis, Xavante e Parantinin. Numa das viagens, Maxwell se ausentou por oito meses e percorreu a cavalo cerca de 4.800 quilômetros, atravessando florestas, pântanos e planaltos, dormindo ao relento e comendo o que encontrava pelo caminho. Pela graça de Deus, conseguiu estabelecer relações amistosas com as tribos nativas com as quais se encontrou.

Enfrentou situações perigosas com animais selvagens e doenças. Contraiu malária, e foi quase sem forças que chegou a uma estação de telégrafo em Vilhena, ao sul de Rondônia. Ali um homem o socorreu e o ajudou a construir uma canoa de araputanga (mogno) com 13 metros de comprimento, na qual navegaram por 40 dias pelos rios Aripuanã e Madeira, até chegar, no final de 1922, a um hospital de seringueiros. Depois, Maxwell tomou um navio em Manaus e foi para Belém, onde embarcou com destino ao Rio de Janeiro. Da então capital federal, rumou para Lavras, MG, onde seus colegas e a futura esposa Mabel já o davam como morto por não terem notícias a longo tempo. A essa altura, Maxwell recebeu um telegrama do governador do Amazonas, parabenizando-o por ter sido o primeiro explorador a fazer uma viagem daquele tamanho e chegar vivo em casa. Depois de todas essas viagens de reconhecimento, durante os anos 1921-1922, o rev. Maxwell chegou à conclusão de que a área menos hostil para abrir a missão seria ao sul do Mato Grosso do Sul, em Dourados, entre os índios caiuás.

A Missão Evangélica Caiuá se instalou em agosto de 1928, sob a responsabilidade da Junta Missionária a que o rev. Maxwell pertencia, além de três denominações brasileiras: a Igreja Presbiteriana do Brasil, a Igreja Presbiteriana Independente do Brasil e a Igreja Metodista do Brasil. Maxwell e a esposa não foram sozinhos para o campo: levaram uma equipe formada de professores, agrônomo, médico e dentista, todos jovens e brasileiros. Realizavam um ministério holístico, isto é, davam assistência educacional, técnica, médica, odontológica e, obviamente, espiritual. Até hoje a Missão Caiuá conserva essa estrutura e essas características. A única mudança é que os metodistas não estão mais entre as denominações cooperantes. Agora eles realizam trabalho de assistência social em Bororó. 

Em 1929, Dourados tinha dois mil habitantes, o correio chegava à cidade quatro vezes por mês e a estação ferroviária mais próxima ficava a 320 quilômetros. Maxwell comprou uma propriedade de 1.011 hectares, adjacente à reserva indígena. Foi o principal obreiro da Missão até 1943, por 14 anos. Faleceu 4 anos depois, em 22 de fevereiro de 1947, em Clinton, Carolina do Sul. Os outros membros da primeira equipe foram o agrônomo João José da Silva (presbiteriano), o professor Esthon Marques (presbiteriano independente) e o médico Nelson de Araújo (metodista). Este último, mais tarde, tornou-se prefeito de Dourados.

O Hospital e Maternidade Porta da Esperança é referência no atendimento de média complexidade ao povo indígena das etnias Guarani Nhandeva, Terena e Kaiwá. Como resposta das orações e doações de muitos irmãos cristãos brasileiros, a Missão substituiu o rancho de sape até então utilizados pelos médicos e enfermeiros missionários no atendimento da comunidade indígena nas décadas de 30 a 50. No dia 01 de março de 1963, é inaugurado em Dourados o Hospital e Maternidade Indígena Porta da Esperança que na época tinha 38 leitos. Em 1978 devido um surto de tuberculose junto aos irmãos indígenas é construído mais algumas alas de atendimento clinico totalizando 50 leitos. Hoje este hospital porta aberta e mantido com recurso 100% SUS e é equipado com sala de emergência com instrumentos para pronto atendimento, cozinha porte industrial, laboratório de análise clínica, farmácia e equipamentos de RX e Ultrassonografia.

Em 23 de setembro de 1943, sustentados pela Missão Americana, o Reverendo Orlando Andrade e sua esposa Loyde, através das orações e doações de muitos brasileiros inauguraram em 05 de abril de 1980 o Instituto Bíblico Felipe Landes para trabalha para equipar o indígena para a pregação do evangelho. Este instrumento de Deus, tem servido hoje para a capacitação de obreiros e lideranças para a pregação do evangelho de Cristo.

Em 1956, chega a missão a Dra Loraine Bridgeman, missionária da Missão Wicliff, enviada pelo então ministro Dr. Darci Ribeiro, para trabalhar na tradução da Bíblia para a língua Caiuá. Posteriormente, junta-se a ela nesse trabalho o casal Taylor. No início da década de 60, dona Audrey Taylor criou um jogo de oito cartilhas em Caiuá usadas na alfabetização dos indígenas. E, assim, com a ajuda desses linguistas, a escola da Missão torna-se pioneira na alfabetização bilíngue na região. Anos depois, após muito trabalho, amor e dedicação, a nação Caiuá recebe em 1985, o novo Testamento e em 2012 toda a Bíblia em sua própria língua.

Escola Municipal Mitã Rory
Alunos da Escola Municipal Mitã Rory

Um oásis para a aldeia! A escola na aldeia Amambai é o refúgio de 900 crianças –
é um oásis para a aldeia. A escola provê um ambiente de aceitação e proteção para
as crianças indígenas. É muito importante valorizá-las desde pequenas para que
cresçam orgulhosas de sua etnia e língua. O ambiente fora da escola nem sempre é tão acolhedor e compreensível com o indígena, e essa é uma das causas que tem elevado o número de suicídios nessa população.

No Brasil, de acordo com o Mapa da Violência elaborado com dados do Ministério da Saúde (2012) entre a população indígena – em geral – a cada 100.000 pessoas, 30 cometem suicídio. Por muitos anos, a nação Caiuá vem sendo açoitada por altos índices desta estatística: entre esta tribo, a cada 100.000 caiuás, 60 se entregam ao suicídio. Nesse contexto trágico, a maioria da população indígena sofreu o trauma de perder alguém da família dessa forma.

É notório que, durante muito tempo, a nação Caiuá sofreu com o isolamento em reservas, falta de terras, alto índice de alcoolismo e uso de drogas, perda de sua identidade cultural, desemprego, pobreza extrema e falta de perspectivas. Hoje, a Escola Municipal Mitã Rory – Criança Feliz e outros
projetos de capacitação e de formação de liderança têm feito a diferença. Crianças e jovens que falam 2, 3 e até 4 idiomas (português, espanhol, guarani e caiuá) se destacam através da música e fazem essa tribo ser conhecida como “a tribo que não morreu”. São professores, enfermeiros, nutricionistas, advogados e outros profissionais que estudaram e cresceram na escola e hoje são profissionais que servem o seu próprio povo.